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  • Foto do escritorWinston Luiz

CASA GUCCI

Ápice e decadência de um império


Um poeta já disse que a vida, tal qual ela se nos apresenta, não é suficiente: por isso precisamos da Arte. Apesar disso, livros biográficos – que romanceiam a vida de pessoas famosas – e filmes baseados em fatos reais existem: mas apenas se baseiam na realidade. E tomam a liberdade não só de recontar, mas de criar, aumentar, exagerar e às vezes até diminuir fatos, palavras e pessoas.


No universo da Arte e do entretenimento, os trabalhos “baseados em fatos reais” existem não necessariamente para registrar a realidade como uma fotografia da vida, mas para imortalizá-la tentando sempre – é claro – melhorá-la para o público, tornando-a mais interessante e memorável.


E, por “melhorar”, devemos considerar o ponto de vista de quem reconta a história – o que não necessariamente convergirá com nossos valores e crenças sobre o mundo.

Tendo isso em mente, podemos começar a considerar o filme Casa Gucci.





Casa Gucci (“House of Gucci” – título original, em inglês) é um exemplo bem sucedido de recontação da realidade. E não: uma boa história não precisa ter final feliz. O filme baseia-se no livro The House of Gucci: A Sensational Story of Murder, Madness, Glamour, and Greed, escrito por Sara Gay Forden.


Nele são registradas quase 3 décadas de amor, traição, desamor, decepção, brigas, ambição, decadência, crises e, por fim, assassinato.


Começamos a acompanhar a história no fim da década de 70, quando Patrizia e Maurizio Gucci se encontram e se apaixonam, gerando um problema familiar que levou Maurizio a se afastar do pai (Rodolfo Gucci).


Acompanhamos o deslumbramento da moça com a riqueza da família, seus luxos e exageros, bem como suas ambições e investidas nos processos decisórios do império.


Apesar das polêmicas que o filme tem levantado, temos de reconhecer que grandes personagens e grandes atuações não lhe faltam. Eis aqui – muito provavelmente – o maior mérito do trabalho.


O foco está quase que totalmente em Patrizia Reggiani (Lady Gaga), mulher de Maurizio Gucci.


Os principais personagens são, além de Patrizia: Maurizio Gucci (Adam Driver), Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), Aldo Gucci (Al Pacino), e Paolo Gucci (Jared Leto).


Fato é que criticar, seja no sentido de “falar mal”, “apontar defeitos”, ou criticar, no sentido de “analisar”, estabelecer considerações profissionais sobre” é uma ação difícil aqui. O trabalho tem pontos fortes e pontos fracos, sendo fácil amar ou odiar o filme.


O ponto mais forte – e que vem sendo repetidamente endossado pela crítica e pelo público – é a atuação de Lady Gaga. E, é claro, ela não é a única a entregar uma boa atuação – mas é, certamente, quem brilha ao atuar.


Sobre a atuação de Gaga é importante pontuar que o “peso” no sotaque italiano é um elemento que contribui muito pouco para o resultado final. Talvez tenha sido pensado como uma forma de caracterizar mais realisticamente a personagem, mas acabou gerando um resultado um tanto caricato.


Outro ponto forte – além das atuações – é o cuidado estético que o projeto teve, especialmente no que tange o universo da moda. Isso não significa dizer que vemos as roupas e penteados mais belos possíveis, mas fica claro o grande cuidado e o investimento que houve.


Quanto à história em si, Casa Gucci apresenta vários problemas narrativos, ou seja, o “contar da história” é problemático. É notavelmente melhor no início da trama e vai perdendo brilho até um fechamento estranho, em que parece que não houve tempo para a conclusão do trabalho – apenas precisava ser encerrado.

Além da grande trama, tramas menores também deixam a desejar, ficando, por vezes, incompletas ou confusas.


Convém observar que, embora anunciado em muitos lugares como um filme sobre o assassinato de Maurizio Gucci, este fato tem pouco espaço no filme e não é bem desenvolvido. O filme é sobre os Gucci, a partir de (e centrado em) Patrizia.



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