Carlos Henrique Silva
DO BREGA AO POP: A VALORIZAÇÃO DE RITMOS VARIADOS NO SÁBADO DE ZÉ PEREIRA
Noite de ressaca do Galo da Madrugada também foi marcada pelo início das programações nos polos descentralizados
#Carnaval2023 #CarnavaldoRecife #VolteiRecife #CarnavalPE #brega #pabllovittar
Legenda: O palco principal do Marco Zero contou com as Amigas do Brega e Pabllo Vittar. Créditos: Peu Ricardo/PCR
Após o desfile do Galo da Madrugada, ultrapassando seu próprio recorde com mais de 2,5 milhões de dançantes, a quantidade de foliões que deixava o centro do Recife fazia parecer que o público seria bem menor nas programações noturnas. Mas ainda tinha gente com bastante energia pra continuar brincando, tanto no palco principal do Marco Zero, quanto nos polos do Arsenal, Samba na Moeda e Pátio de São Pedro, que iniciaram suas programações paralelas neste sábado.
Os polos menores são alternativas a quem quer fugir da aglomeração maior e mesmo assim continuar se divertindo, com atrações nacionais e locais de perfil geral ou segmentado, como foi o caso do Pátio de São Pedro, com o Sábado da Diversidade. A programação contou com bandas de brega e pop, performances de drag queens e encerrou com show de Romero Ferro e convidados.
"Aqui na Praça do Arsenal, a gente conta com esse cenário lindo ao redor, e esse público que tem uma relação afetiva com o lugar. Hoje temos apresentações marcantes como Maracatu Nação Pernambuco, Gonzaga Leal, Antônio Nóbrega, Banda de Pau e Corda e Chico César, que eu vou ter a honra de apresentar pela primeira vez na vida", afirmou a atriz Nínive Caldas, uma das apresentadoras no polo.
O brega já vinha sendo exaltado ao longo do dia, desde o desfile do Galo, que contou com trio elétrico exclusivo para o ritmo, além dos artistas que incluíram o ritmo em seu repertório. Um deles foi Almir Rouche, que cantou clássicos do Conde e Banda Só Brega e do saudoso Reginaldo Rossi.
Já o pop teve seu ponto alto da noite com a apresentação de Pabllo Vittar, que já vinha com toda energia da apresentação no Galo, sempre unindo os diversos gêneros brasileiros do arrocha ao funk, techno e até forró. Mesmo justificando o cansaço pela maratona de shows, a artista entregou hits do início da carreira e dos mais recentes lançamentos, se emocionando com a receptividade calorosa do público. Pabllo ainda dividiu o palco com artistas locais como Uana e Romero Ferro.
Legenda: Uana em participação no Marco Zero (Crédito: Brenda Alcântara/PCR);
Chico César no polo Arsenal (Crédito: Ed Machado/PCR);
Belo Xis no polo Samba na Moeda (Crédito: Edson Holanda/PCR)
"Essa foi uma noite pra ficar na história da minha vida. Eu não tô vindo aqui sozinha, mas representando uma coletividade de gente que faz música pop com muita luta e resistência nas periferias do Recife", afirmou Uana.
A noite encerrou com o espetáculo Recife Capital do Brega, unindo o ritmo com as pegadas eletrônicas do funk e do pop. No palco, artistas como Conde, Michelle Melo, Banda Sedutora, Amigas do Brega e Valquíria Santos relembraram as músicas mais populares da geração dos anos 90 e 2000.
Os representantes mais recentes também tiveram espaço com o segmento mais romântico dos MCs Sheldon e Elvis, além do bregafunk de Anderson Neiff, que com 20 anos se configura como cantor, dançarino e produtor de clips de grupos de passinho que fazem sucesso, provocando uma geração de digital influencers de uma periferia que alcançou altos voos na cultura pernambucana e nacional.
Pontos negativos
Mais uma vez, o desfile do Galo deixa um saldo negativo no sábado de Carnaval, com muita sujeira que deixou os corredores da folia intransitáveis, mesmo com as insistentes campanhas por melhores práticas de cidadania, tanto por parte dos brincantes quanto comerciantes. O transporte público retido em pontos como a praça do Derby, estação central do metrô e o Largo da Paz (Afogados), gerou muita insatisfação e longas caminhadas até o final da noite. Cuidados que precisam ser tomados numa folia que está apenas começando.