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  • Foto do escritorCarlos Henrique Silva

O SUCESSO DO PROTAGONISMO DAS MULHERES NO MARCO ZERO

Atualizado: 24 de fev. de 2020


Mandy Oliver / PCR

Era para ser um acontecimento corriqueiro no Carnaval, mas produzir uma noite inteira de shows apresentados e dirigidos por mulheres foi um feito histórico na noite deste sábado (22), a segunda da folia em 2020. Desde as apresentadoras às artistas, a força criativa feminina imperou no palco com instrumentistas, maestrinas e dançarinas, mas elas também estão bem mais presentes em toda a estrutura do evento e cobertura, como fotógrafas, cinegrafistas, policiais militares e do Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, SAMU e tantos outros órgãos. De alguma forma, a noite serviu para valorizar todo este protagonismo conquistado.

A Dita Curva - Foto: Mandy Oliver/PCR
A Dita Curva - Foto: Lara Valença/PCR

Na primeira grande atração do palco, o espetáculo “A Dita Curva”, idealizado pela multiartista Flaira Ferro, trouxe poesia, dança, performance e música para refletir sobre o corpo feminino, violência e independência das mulheres. A interação do público pareceu ganhar força mais ao final, talvez pelo repertório com temas mais "pesados" e a linguagem artística não tão esperada para quem procurava folia, frevo e alegria.

Subindo ao palco em seguida, Nena Queiroga também apresentou um projeto coletivo, “Frevo Mulher”, incluindo uma gama de artistas do litoral ao sertão do Estado, fazendo uma representação dos diversos tipos de mulheres artistas, desde a orquestra de frevo 100% Mulher, Coral Edgar Moraes (frevo de bloco), afoxés, brega, forró etc.

A performática Gretchen - Foto: Mandy Oliver / PCR

No intervalo para a apresentação de Elza Soares, uma surpresa para o público: as performances de Gretchen. A "rainha do rebolado" passou uma energia e vitalidade que animaram o público, além da mensagem atualizada de valorização da mulher, pela parceria com a Prefeitura do Recife na campanha contra a violência de gênero no Carnaval.

Apresentação de Elza Soares - Lara Valença / PCR

Um dos auges da noite, o show de Elza Soares teve dificuldades com problemas técnicos logo no início, trazendo um silêncio de incômodo principalmente pelo cansaço da idade da cantora, prestes a completar 90 anos. Apesar dos transtornos, tudo se normalizou, a cantora manteve a calma e agradeceu a receptividade do público, contando com o apoio de uma banda interpretando sucessos antigos e lançamentos do novo CD. Diante das frases de efeito e protestos espontâneos do público contra o presidente, Elza também respondeu: "Não adianta mandar o cara tomar aqui ou ali. Vamos ocupar as ruas", "Vamos aprender a lutar, e ensinar o povo a lutar".

Fechando a noite, de Gaby Amarantos sempre se espera um show do tipo "caixa de sucessos", muito mais interpretando e dando releituras politizadas de outros artistas, sempre na perspectiva da inclusão de mulheres, pessoas com deficiência, LGBT e outros segmentos sociais, buscando se misturar com a própria cultura local. Um dos destaques foi a presença do Maracatu Rural Coração Nazareno, o primeiro e único no mundo totalmente formado por mulheres, inclusive como caboclas de lança.


A superação da violência e a autonomia do corpo feminino foram algumas palavras de ordem de uma noite histórica para as mulheres e também os homens, para que se crie um ambiente em que elas não sejam apenas respeitadas ou não violentadas, mas também consideradas como formadoras de opinião e autoridade intelectual, espiritual, artística, política e tantos outros âmbitos nos quais já atuam. Como disse Elza Soares em uma de suas falas: "Homens, vocês precisam aprender que o machismo não tem mais vez, não tem mais volta." É hora de caminhar junto com as mulheres.

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